- As empresas têm muito a ganhar ao investir em acessibilidade, pois gera um atendimento digno e expande a atividade da empresa para mais públicos.
- As boas práticas de acessibilidade podem ser aplicadas em três etapas – entrada, compra e saída – e é nelas que iremos focar as nossas dicas.
- Os maiores desafios se encontram na infraestrutura, que precisa oferecer espaços amplos e sem obstáculos para facilitar o trânsito dos clientes.
- Também é preciso oferecer treinamento para a equipe de trabalho para que os funcionários saibam lidar com PCD de forma natural e respeitosa.
No dia 21 de setembro, é celebrado, em todo o Brasil, o dia da pessoa com deficiência (PCD), uma data marcada não apenas por conscientizações, mas também pela luta em favor de uma sociedade mais inclusiva.
Um levantamento feito pelo IBGE apurou que 24% da população do país possui graus de dificuldade em algumas habilidades, como enxergar, caminhar ou subir degraus.
Além disso, 6,2% dos brasileiros possuem alguma deficiência. Isso mostra que há muitas pessoas com diferentes graus de dificuldade em vários aspectos, como locomoção, visão, audição ou comunicação que precisam de adaptações para lidar com atividades cotidianas.
Isso também significa que, ao promover inclusão, estamos falando de facilitar o acesso de outros públicos, como os idosos que, muitas vezes, apresentam dificuldades semelhantes às pessoas que possuem alguma deficiência.
Tendo em vista que o percentual de idosos no Brasil é de 14,7% e que este número está aumentando, chegamos à conclusão de que garantir acessibilidade é uma necessidade cada vez mais maior.
Ao levar em conta todos esses percentuais, vemos que o número é relativamente alto, principalmente considerando que a maior parte dos setores da sociedade ainda não contam com equipes preparadas e espaços acessíveis para receber este público.
O varejo não escapa dessa lógica. Muitos consumidores apresentam uma série de dificuldades para entrar em um local e conseguir fazer suas compras sem nenhum tipo de problema.
É preciso simplificar a situação para todos os clientes, levando em conta que isso deve ser feito não apenas por uma questão comercial, mas, acima de tudo, pelo respeito às pessoas.
Além disso, se queremos falar sobre expansão dos negócios, precisamos considerar os diferentes perfis de clientes e as variadas características que eles podem apresentar.
Quando o assunto é inclusão, também estamos falando de oportunidades de negócio que podem ser benéficas para a própria empresa, como um investimento para garantir o acesso de mais clientes.
A seguir, iremos nos aprofundar neste assunto para saber como é possível fazer isso levando em consideração todas as interações que o cliente pode ter com o espaço da loja, seus produtos e serviços.
3 Dicas para transformar o Supermercado acessível a clientes PCD
Existem vários locais e etapas do ponto de vendas que precisam ser adaptados para atender clientes que são PCD.
Em geral, muitas empresas pensam apenas em como adaptar a sua infraestrutura, mas é preciso ir além para oferecer comodidade ao cliente. Afinal, ele precisa de um atendimento satisfatório e respeitoso.
Para isso, é preciso pensar nas adaptações como um conceito amplo, considerando o espaço físico, atendimento, acesso dos clientes aos produtos, serviços e tudo aquilo que ele precisar, do interior até a parte externa da loja.
Podemos levar algumas delas em conta fazendo um simples exercício de reflexão sobre o trajeto do cliente ao chegar no estabelecimento, comprar o produto e ir embora.
Usando esse método, iremos dar as nossas dicas para cada uma dessas etapas mencionadas.
1- Ao entrar no Ponto de Venda
A primeira coisa a ser levada em conta é a área externa do estabelecimento, que o cliente percorre até a entrada na loja.
É dever do proprietário do imóvel cuidar de sua calçada e, portanto, é necessário evitar que ela tenha qualquer tipo de buraco, degraus, precipitações e grandes falhas que ofereçam risco de queda aos pedestres.
Além de dificultar o acesso ao local, esses problemas podem ser perigosos sobretudo para pessoas que possuem pouca ou nenhuma visão e também inviabilizam a passagem de cadeirantes, idosos ou outras pessoas que tenham mobilidade reduzida.
Colocar piso tátil é uma boa forma de ajudar pessoas que possuem deficiências visuais e, se a entrada da loja possui algum relevo, o acesso deve ser feito através de rampas que tenham corrimãos de apoio.
Pontos de venda que têm estacionamento devem ter vagas reservadas para pessoas com deficiência e também para idosos. Ambas precisam estar próximas da entrada e ter um espaço mais largo em relação às demais, a fim de facilitar a locomoção dos clientes.
Lembre-se que, embora nem todas pessoas com deficiência usem algum recurso para facilitar sua locomoção, muitas precisam de muletas, bengalas, andadores, cadeiras de roda, etc. e, portanto, os espaços precisam ser amplos e sem obstáculos para atendê-las.
Certifique-se de que a porta de entrada também é ampla o bastante para que os clientes que usam algum tipo de auxílio consigam passar por ela de forma simples e sem nenhum tipo de constrangimento.
2- No Espaço Interno
Dentro do estabelecimento, o mais importante é que toda a equipe esteja preparada para atender todos os clientes com naturalidade, diligência e respeito.
De preferência, treine os funcionários para lidar com essas situações, sobretudo ao atender pessoas com surdez, para que consigam ter paciência e tentar se comunicar de forma que o cliente entenda.
Se possível, tenha em sua equipe pessoas que saibam se comunicar através de Libras.
Além do atendimento, é preciso que também haja acessibilidade na infraestrutura do estabelecimento, principalmente com relação ao alcance dos objetos.
Para muitos, o carrinho de compras convencional é difícil de ser operado e não oferece a altura necessária para colocar os produtos. Por isso, é preciso ter outras opções mais baixas e fáceis de serem controladas.
Atualmente, existem diversos tipos de opções disponíveis. Algumas são como pequenos cestos com rodinhas e podem ser controladas por clientes de baixa estatura ou que utilizam cadeiras de rodas.
Para este público, também é preciso fornecer melhores opções na hora de organizar as prateleiras para que os clientes sejam capazes de alcançar o que desejam sem pedir a ajuda de outras pessoas.
Usar etiquetas com preços em tamanhos maiores é uma boa alternativa para atender pessoas com baixa visão e, para os não-videntes, colocar etiquetas em braille é uma solução que oferece maior autonomia para eles.
Corredores estreitos dificultam muito a passagem de pessoas que utilizam algum auxílio para a locomoção. Portanto, evite mantê-los desta forma.
As normas para os espaços amplos e sem obstáculos também se aplicam a este tópico, que possui um acréscimo: certifique-se de que todo o espaço da loja tenha boa iluminação para evitar qualquer tipo de acidente.
No caso das lojas maiores, que possuem dois andares ou mais, o espaço deve contar com escadas rolantes ou elevadores para possibilitar que os clientes se locomovam por todo o estabelecimento.
3- Na Conclusão da Compra
Nesta etapa, os funcionários bem preparados fazem toda a diferença para garantir que o cliente passe suas compras e deixe o ponto de vendas.
Durante o atendimento no caixa, as empresas podem utilizar sinais sonoros para ajudar pessoas com deficiências visuais. Mas, se não for possível, oriente os operadores a chamar o próximo cliente da fila.
Os atendentes, assim como o restante da equipe, também devem agir com naturalidade e ter cuidado para evitar assuntos invasivos ou desrespeitosos ao conversar com os clientes.
Embaladores devem dar prioridade para o atendimento de pessoas com deficiência e, caso os clientes desejem, devem carregar as sacolas de produtos até o carro.
É preciso lembrar de outro ponto importante sobre a infraestrutura: os caixas preferenciais são obrigatórios por lei e, nos casos de empresas com apenas um caixa, é necessário dar atendimento prioritário para as pessoas com deficiência.
O estabelecimento pode encontrar outras soluções e precisa estar atento às inovações que possam oferecer qualidade ao atendimento deste público específico.
O mais importante é que a acessibilidade seja uma preocupação sincera da empresa, e não apenas um conceito vazio usado com a intenção de transmitir uma boa imagem.
Conclusão
Ao facilitar o acesso de pessoas com deficiência, o estabelecimento garante a acessibilidade de todos aqueles que podem apresentar alguma dificuldade de locomoção, comunicação ou visão.
Investir em infraestrutura física é importante, mas não é a única melhoria possível de ser feita, afinal, o cliente também precisa ter acesso fácil aos serviços e produtos.
Organizar os itens da loja para que o consumidor consiga alcançá-los de forma mais fácil e treinar a equipe de profissionais para garantir que o atendimento seja natural e respeitoso são duas etapas essenciais para garantir a inclusão.
Portanto, invista em vagas de estacionamento exclusivas para PCDs, caixas com atendimentos prioritários, rampas e corrimãos de acesso, carrinhos de compra adaptados, corredores amplos e não se esqueça de investir em um bom atendimento.
Lembre-se que, ao promover dignidade para todos os públicos, a empresa também proporciona acesso para que eles consigam comprar, o que significa uma contrapartida financeira lucrativa para o negócio.